Primeira entrevista - Celso Athayde

Postado por Tatiana Rodrigues | segunda-feira, abril 21, 2008 | 0 comentários »

Entrevista com o Celso Athayde, empresário do rapper MV Bill e produtor do documentário "Falcão- Meninos do Tráfico".

Tatiana - O que o mais chocou durante as filmagens do documentário "Falcão - Meninos do Tráfico"?

Athayde - Não sei exatamene o que mais chocou, mas certamente muitas coisas me chocaram nesses 8 anos de gravações, posso dizer aqui um fato que não sei se foi o mais chocante, mas é o que vem a minha cabeça agora. Foi quando estavamos em Porto alegre gravando um rapaz sobr uma lage , e seus desafetos chegaram, eu acreditava que seriamos mortos, mas só mataram o rapaz, nao havia como pedir, não havia como fugir e não dava tempo de rezar, só deu tempo de se arrepender por estar ali.. mas sobrevivemos, a guerra era só entre eles .

Tatiana- Na época em que o documentário foi exibido, em muitas entrevistas você e o MV Bill disseram que o principal objetivo do projeto era conscientizar a sociedade sobre essa realidade que muitos desconheciam ou preferiam não ver. Você considera que atingiram esse objetivo?
Athayde- certamene que sim, depois do falcão esse assunto jamais será trataddo da mesma forma. as soluções não dependem desse filme nem de nós, Bill e eu, mas certamene pautamos o Brasil como ninguém havia feito antes, e pode não parecer a olho nu, mas muitas ações tem sido realizadas a partir desse filme, infelizmente não podemos crer que é o suficiente devido a grandiosidade do problema .

Tatiana- Você acredita que a população estava preparada para receber aquelas imagens de maneira tão crua e real ?
Athayde- Não, acho que não está preparada para ver se quer novamente, vez aquelas imagens é tão doloroso como não saber o que fazer depis de vela-as.. as pessoas estão preparadas para ver e viver como planejado. Penso que apartir das chamadas da globo as pessoas se prepararam para assistir uma gerra , festa de violencia e salvas de tiros, mas não, apresentamos simplemente o sentimento dos jovens e suas desesperança. Para isso imagino que ninguém estava preparado, para lidar com o sentimento explicito de uma juventude perdida ... isso fez , faz e fará diferença. pois se não resolvermos e não direcionarmos esses jovens, estaremos inviabilizando o Brasil, e aí essa sociedade deve decidir qual o país que queremos ter ...

Tatiana-Você vê a arte como uma saída para mudar esse ambiente sociopolítico em que vive o país? Quais seriam outras soluções?
Athayde- a arte existe para mudar as vidas , os comportamentos e sobre tudo para mostrar para sempre novos caminhos e visões... a arte por si só é a grande revolução pessoal e coletiva. Mas as alternativas são muitas desde que todas passem pela educação, acredito que todas as foramas de evolução da humanidade pessa pela educação, não se terá jamais cidadania se vc é ignorante. se a educação é possivel, todas as outras manifestações estarão mais proximas da realidade

1980: A Década das Revoluções Por Minuto

Postado por Tatiana Rodrigues | quarta-feira, abril 09, 2008 | 3 comentários »



O Brasil vivia o fim do regime militar, mas as lembranças e conseqüências da dura década de 70 ainda se mantinham presentes na vida dos brasileiros. O desejo por uma real democracia consumia o país e movimentos em favor do direito de voto para eleição do Presidente da República ganhavam força. Aquela que ficaria marcada na história como uma das maiores manifestações de massa já existentes na nossa história, a “Diretas Já”, levou milhares de brasileiros às ruas, políticos aos palanques e a imprensa à tomar algum partido (ainda que isso tenha ocorrido, em sua maioria, depois que era evidente a dimensão do movimento e claro, de acordo com seus interesses próprios).
O povo, como que tirando de si o silêncio que o perturbou por anos, gritava com entusiasmo e a quem quisesse escutar: “Um, dois, três, quatro, cinco mil, queremos eleger o presidente do Brasil". Artistas da música popular brasileira mais uma vez se mostraram e com suas letras e canções criaram verdadeiros hinos, mobilizando e comovendo toda uma multidão, como Milton Nascimento, que em “Coração de Estudante” cantou: “Já podaram seus momentos/Desviaram seu destino/Seu sorriso de menino/Tantas vezes se escondeu/Mas renova-se a esperança/Nova aurora a cada dia/E há que se cuidar do broto/Pra que a vida nos dê flor e fruto”.
Chico Buarque de Holanda, que tanto se destacou por cantar à liberdade na época da repressão, aparece em 1984 vendo “a cidade a cantar a evolução da liberdade” e relembrando em “Vai Passar”: “Num tempo/ Página infeliz da nossa história/Passagem desbotada na memória/Das nossas novas gerações/Dormia/A nossa pátria mãe tão distraída/Sem perceber que era subtraída/ Em tenebrosas transações” as tristes marcas da ditadura.
No cenário musical brasileiro também ocorria suas revoluções. No início da década, a MPB ainda se fazia muito forte, o que impedia outros estilos ganharem confiança das gravadoras e alcançarem seus espaços nas rádios FM. Apesar disso surgia o que Nelson Mota batizaria de BROCK: o pop rock nacional.
Com músicas irreverentes e de variadas influências, bandas como a Blitz, formada por Lobão, Fernanda Abreu e Evandro Mesquita, tornaram-se grandes ícones da época, com sucessos como “Você não soube me Amar”. Junto a ela, uma banda liderada por um “rebelde sem causa”, filho do presidente da gravadora Som Livre revoluciona a música da época. Esse rebelde de classe média ficaria conhecido como o “poeta exagerado” Cazuza, e com seus amigos formaria uma das maiores bandas brasileiras, o Barão Vermelho.
Em 1985 acontecia o Rock in Rio. No dia da apresentação do Barão Vermelho, Tancredo Neves é eleito Presidente da República. Cazuza durante o evento anunciou esse fato antológico na história, e com a bandeira do Brasil cantou “Pro dia nascer feliz”, sendo um dos grandes momentos do evento daquele ano.
Bandas como Ultrage A Rigor, Camisa de Vênus e Titãs surgem com um rock satírico, mas que carregam letras com protestos e que retratam a política do momento. As bandas de Brasília, tendo como maior representante Renato Russo e a Legião Urbana chegam com o puro rock nas melodias e letras fortes. Porém, o grande sucesso da época acontece com o RPM e suas Revoluções por Minuto. Com recordes de vendas (3 milhões de discos), o trio se tornou uma das mais bem sucedidas bandas da história da música brasileira. “Rádio Pirata”, “Olhar 43” e “Alvorada Voraz” foram alguns de seus maiores hits, e Paulo Ricardo, vocalista do RPM, considerado um sex symbol da época.
Enquanto nas rádios o rock brasileiro já havia alcançado seu lugar, nas ruas do país o que se comemorava era a grande vitória do povo: Acontecia a primeira eleição direta para presidente da República após o longo período de Regime Militar. Fernando Collor de Mello era eleito. A pátria, que enfim respirava a democracia, se viu mal representada e a partir daí um novo capítulo da historia do Brasil era escrito.
Nossa história se encontra marcada em cada uma dessas revoluções (e por que não evoluções?) e nas músicas, que são registros eternos de uma época, de uma história que a cada dia é construída. E assim, tentamos responder a pergunta que um poeta do rock já nos fez certa vez: “Que país é esse?”.

Crônica do Amor (de Jabor)

Postado por Tatiana Rodrigues | sábado, abril 05, 2008 | 0 comentários »

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta. O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar. Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.
Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera. Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco. Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina o Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então? Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome. Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha.
Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo. Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara? Não pergunte pra mim você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.
É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível. Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor? Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados. Não funciona assim. Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível. Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, ta assim, ó! Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso

Arnaldo Jabor